PREVISÃO
O que era “apenas” um temor e, segundo algumas pessoas, “nada preocupante”, tornou-se uma triste realidade. O aumento do número de infectados pela covid-19 rendeu à Araras o ingresso na fase 1 (vermelha) do Plano São Paulo. Araras estava na fase 2 (laranja). Além da cidade
, Analândia, Conchal, Corumbataí, Itirapina, Leme, Pirassununga, Rio Claro, Santa Cruz da Conceição e Santa Gertrudes, todas vinculadas à Diretoria Regional de Saúde de Piracicaba (DRS 10) foram “rebaixadas”. Araras, Rio Claro e Santa Gertrudes já haviam se antecipado com a alta de casos e mortes e anunciado fechamento do comércio não essencial.
GRAVIDADE
Até o fechamento da coluna, Araras contabilizava 13 mortes e 496 casos da doença. Parte da população ainda não compreendeu o tamanho do problema. Em muitos estabelecimentos comerciais e de serviços, patrões e empregados continuam trabalhando sem a mínima proteção individual. Gente na rua, batendo perna. Famílias em peso nos mercados. O pior são as reuniões e festas, ocasionando aglomerações desnecessárias. Mas o problema não se restringe apenas à iniciativa privada. Dentro das repartições públicas, alguns setores têm negligenciado as medidas de proteção e propagação do vírus, e funcionários tem colocado a sua própria vida e a de outros em risco.
MEDIDAS
A limitação no horário de atendimento dos estabelecimentos considerados essências – supermercados, padarias, lojas de conveniência e outros tem gerado muita polêmica. Pelo decreto municipal, eles poderão funcionar de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h; aos sábados das 7h às 13h, e fecharão aos domingos. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) emitiu uma nota argumentando que o decreto fará com que a população se "aglomere em filas nas portas dos estabelecimentos, o que vai na contramão das recomendações de distanciamento social". E tem sido exatamente isto que tem ocorrido. Na sexta-feira e no sábado, dia em que as medidas começaram a vigorar, a circulação de pessoas e o movimento nos supermercados de Araras foram intensos, com enormes filas nas portas dos estabelecimentos.
ATENDIMENTO SUSPENSO
Na sexta-feira (26), o presidente da Câmara de Vereadores, Carlos Alberto Jacovetti (REDE) estabeleceu novo horário de funcionamento da Câmara, suspendendo o atendimento ao público, em razão da pandemia da covid-19 na cidade. Desde a segunda-feira (29) até o dia 12 de julho, a Câmara funcionará das 8h às 12h, internamente, e sem o atendimento presencial, inclusive nos gabinetes dos vereadores. As sessões ordinárias e extraordinárias seguem sendo realizadas às portas fechadas, sem a presença de público. São permitidas apenas a presença dos vereadores e servidores considerados indispensáveis para a realização das sessões. Outros eventos também estão suspensos. A população poderá acompanhar os trabalhos pela TV Opinião, Rádio Araras FM e nas páginas da Câmara no Facebook e Youtube.
BOA INICIATIVA
Na sessão camarária de segunda-feira (29), os vereadores aprovaram o projeto da vereadora Deise Olimpio (DEM) que permite o acesso de pessoas com diabetes em espaços públicos e privados em Araras portando insulina, insumos, alimentos e aparelhos de monitoramento de glicemia, com a apresentação de laudo médico para a comprovação da doença. Além da multa prevista pelo descumprimento da lei, a proposta tem um caráter de humanização, visto que a proibição oferece risco de morte ao paciente por conta da necessidade do controle da glicemia.
TRIBUNA
Os vereadores aprovaram também um projeto do colega Romildo Benedito Borelli, o Baiano da Farmácia (PP), que impõe ao orador inscrito para ocupar a Tribuna Livre e que não comparecer na data agendada, sem apresentar justificativa, a proibição em inscrever-se novamente no período de 12 meses (um ano). O prazo anterior era de seis meses. De acordo com o autor da proposta, o não comparecimento impede a inscrição de outros cidadãos interessados em utilizar o espaço.
O TREM
Em seu tempo na Palavra Livre, Baiano criticou o estado de conservação em que se encontram os vagões de trem do Centro Cultural Leny de Oliveira Zurita. O edil disse mais. “O alambrado está cheio de parasitas. Eu entendo que mesmo não sendo atribuição do secretário, ele deveria pelo menos tentar manter o ambiente limpo [...] o secretário tem que sair da sua cadeira e ajudar a resolver os problemas da prefeitura, tem que colaborar com o poder público. Ele tem razão. Mas não se trata apenas da zeladoria na cultura da cidade. É visível o retrocesso na política pública da pasta nos últimos anos. E que fique claro: muito antes da pandemia. Quem é do ramo sabe do que falo.
ESGOTO
Jackson de Jesus (PSD) não poupou críticas ao ex-presidente do Saema e vice-prefeito Carleto Denardi (MDB). O vereador lembrou a promessa que o emedebista fez meses atrás quando esteve na Câmara, de que o sistema alternativo de tratamento de esgoto estaria em funcionamento no mês de março e falou em “falta de responsabilidade dos gestores públicos”. A previsão agora, de acordo com a nova presidente da autarquia, Marluce Natália de Góes Lima, é que a operação será iniciada em julho.
LIXÃO
Sem perder o ritmo, Jesus evocou o até agora inexplicável embargo do aterro sanitário. Como é sabido, o atual secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Cerri Júnior, também filiado ao MDB, era o gestor da pasta de Serviços Públicos quando o processo foi iniciado. Em novembro de 2019, ao site O Independente, Cerri negou ter conhecimento do caso, versão que não se sustentou depois da publicação de despachos com a sua assinatura em data anterior à sua negativa. Segundo Jackson, “o secretário de Meio Ambiente que foi quem soube do barramento do lixão, ganhou de prêmio uma Secretaria de Meio Ambiente e nós estamos hoje descartando todo o nosso lixo (entulhos) na frente das casas das famílias”, comentou o parlamentar.
PANDEMIA
“As minhas palavras serão de questionamentos e também propositivas. E eu espero que ao invés de simplesmente repudiá-las, a Prefeitura responda com ações”. Foi assim que o vereador Felipe Beloto (PL) iniciou a sua exposição na última sessão. O liberal cobrou um posicionamento da Administração sobre a crise na saúde pública, perguntando quando seria feito algo de fato contra a pandemia e “não apenas ficar fazendo live e decreto”. Beloto fez um apontamento de quais medidas estão sendo tomadas para “evitar a disseminação do vírus e um possível colapso do sistema de saúde”. O parlamentar foi preciso ao abordar a necessidade da testagem na população, nos casos suspeitos e isolar quem de fato esteja contaminado. “Mandar um suspeito ficar em casa 14 dias, de quarentena, sem testá-lo, sem fornecer os remédios adequados, vai resolver o problema?”, questionou Felipe.