O que as cidades de Araras, Buri, Porto Feliz (São Paulo), Sananduva, Gravataí, Teutônia, Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Vitória, Linhares, Nova Venécia e Venda Nova do Imigrante (Espírito Santo) têm em comum?
O medo.
Apesar da eleição para presidente ter sido encerrada no dia 30 de outubro, eleitores e simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão usando as redes sociais para divulgar listas criminosas com nomes de comerciantes, profissionais liberais e prestadores de serviços, a serem boicotados nessas cidades por supostamente serem petistas ou simplesmente porque se opuseram ao atual Chefe do Executivo e apoiaram a candidatura de Lula (PT) por entenderem que ele era a única opção democrática neste momento.
Há tempos fomos mergulhados na ignorância do obscurantismo promovido pelo atual mandatário brasileiro e seus seguidores. O “modus operandi” é o mesmo registrado pela história humana.
A tática empregada é a mesma utilizada pela Alemanha nazista na Segunda Guerra, que ancorada em um discurso ultranacionalista, elegeu como inimigos da nação os comunistas e os social-democratas, até então as forças políticas que polarizavam a disputa no país.
Adolf Hitler e seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, sugeriram o boicote aos profissionais e estabelecimentos ligados a essas duas correntes e ainda promoveram o antissemitismo no país - caça aos judeus - que resultou no Holocausto, ceifando a vida de 5 milhões de pessoas, incluindo na Polônia e União Soviética, à época ocupadas pelos nazistas.
Bolsonaro nunca escondeu quem ele é. E nem o seu desrespeito por mulheres, negros, gays, indígenas, nordestinos e os chamados grupos minoritários.
Muito menos a sua intolerância religiosa e política, quando insiste na imposição de sua própria fé em detrimento aos demais brasileiros de outras crenças ou mesmo daqueles que não creem, além de seu discurso de ódio ao referir-se a seus adversários ou críticos como inimigos da pátria.
Ele deu voz e encorajou quem vivia nas sombras.
Também é impossível nos esquecermos de que ele é o patrono da crueldade do negacionismo à ciência e que tem responsabilidade direta pela morte de milhares de brasileiros durante a pandemia da covid-19.
As tais listas devem ser tratadas com rigor e investigadas pela polícia e Ministério Público até que se chegue aos seus idealizadores e esses sejam exemplarmente punidos. O judiciário que tem sido protagonista em várias ações nos últimos anos, não pode ficar inerte diante de um problema cuja dimensão parece ser assustadora.
Triste retrato de um país onde as pessoas que a produzem são as mesmas que compartilham mentiras, sem importar-se com as consequências. Replicam narrativas como um mantra, tornando-as suas próprias verdades e não admitem, sob hipótese alguma estarem minimamente erradas.
Não é exagero afirmar que o bolsonarismo transformou-se em um bolsonarianismo, uma seita cuja crença cega de seus súditos coloca em risco a vida em sociedade e o Estado Democrático de Direito.
O Independente, que também é uma iniciativa empreendedora de mídia alternativa e independente reitera seu apoio e solidariedade aos empresários ararenses covardemente mencionados na "lista", e oferta o seu espaço para que os mesmos possam divulgar os seus produtos e serviços.