PANDEMIA
A pandemia de coronavírus (covid-19) já matou 404.245 pessoas e infectou mais de sete milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um relatório da agência de notícias francesa AFP. Na segunda-feira (8), 7.065.200 casos de infecção foram oficialmente diagnosticados em 196 países e territórios desde o início da epidemia, no final de dezembro passado. Contudo, a AFP avisa que o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do total real de infecções, já que alguns países estão testando apenas casos graves que levem a internação, outros usam o teste como uma prioridade para o rastreamento e muitos estados pobres têm capacidade limitada de fazê-lo.
TRANSPARÊNCIA 1
Além da gravidade de uma possível manipulação dos dados oficiais da doença no país, a patética atitude do presidente Jair Bolsonaro em alterar o horário da divulgação diária desses dados não prejudica apenas a Rede Globo ou o Jornal Nacional, como objetivou o chefe da nação. A emissora nunca foi um anjo de candura, é verdade. Ao invés de compreender a relevância de seu cargo e agir como um estadista, Bolsonaro comporta-se como um déspota. Elegeu a imprensa e os jornalistas como seus adversários. A conduta da maior autoridade do país diante de uma situação como a que estamos vivenciando é inaceitável, na medida em que priva o povo da realidade da doença.
TRANSPARÊNCIA 2
A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu na segunda-feira (8) que o governo seja transparente com a população. No domingo (7), uma atualização no site do Ministério da Saúde apontou uma queda de mais de 800 mortes diárias sem qualquer explicação. Ainda no domingo, o empresário Carlos Wizard informou que não iria mais colaborar com o Ministério da Saúde como conselheiro do atual ministro, o general Eduardo Pazuello. O fundador da escola de idiomas Wizard e dono das marcas esportivas Topper e Rainha seria nomeado para a secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
SUPERAÇÃO
Que o alho ajuda na imunidade, é sabido. Agora, imagine você, caríssimo leitor, dizendo ao presidente da República que, de acordo com a sua crença pessoal, tem a cura milagrosa para a pandemia. “Sabia que quando a pessoa usa um dente de alho cru por dia aumenta a imunidade? Por quê? Porque é rico em enxofre. O enxofre mata o coronavírus”, garantiu uma apoiadora de Bolsonaro, que inclusive evocou poderes divinos para tal constatação. Após ouvir atentamente o relato, o presidente disparou: “Eu te arranjo amanhã para a senhora conversar lá, alguém para conversar com a senhora no Ministério da Saúde. Pode ser?” Sim, ele consentiu na doideira. Recentemente, em seu site, o próprio Ministério da Saúde classificou como “fake news” a informação que relacionava o alho à cura da doença. “Coronavírus pode ser curado com tigela de água de alho recém-fervida - É FAKE NEWS!”, apontava a publicação. Em resumo, meus caros, apertem os cintos, o piloto não sumiu. Ele simplesmente não existe.
POR AQUI
Araras havia registrado até o fechamento da coluna na terça-feira (9), 159 casos e 3 mortes por coronavírus. Na segunda-feira, a taxa de isolamento social foi de 41% na cidade. Fica a pergunta: O município está de fato cumprindo o Plano São Paulo? A impressão que se teve é a de que por aqui havia "liberado geral". Que o diga a rua Tiradentes na sexta-feira (5). Muita aglomeração nas ruas. E lamentavelmente algumas pessoas sem proteção, colocando em risco a sua própria saúde e a de outros. No sábado (6), este colunista presenciou uma cena preocupante em um supermercado local. Todos os funcionários devidamente protegidos por máscaras. No entanto, um casal chamou a atenção. Ambos também “paramentados”, carregando o filho de aproximadamente dois aninhos no colo. Qual a razão para expor uma criança a este risco?
PAUTA
Dois projetos relevantes foram debatidos na sessão de segunda-feira (8). O primeiro tratando da prorrogação dos impostos municipais e contas do Saema vencidas nos meses de março, abril e maio para o final do mês de julho foi aprovado. A iniciativa é louvável. Mas não é preciso pensar muito para perceber que quem não conseguiu pagar lá atrás, diante da crise causada pela pandemia, também não irá conseguir honrar os compromissos sem o aquecimento da economia. O segundo projeto teve pedido de vista e trata da criação do Fundo Municipal de Meio Ambiente, e deve ser apreciado na próxima semana.
FOGO AMIGO
As críticas ao Executivo já não são mais exclusividade da oposição na Câmara de Vereadores. Na sessão de segunda-feira (8), chamou a atenção a fala da parlamentar governista Deise Olímpio (DEM) direcionada ao secretário de Saúde, Itacil Zurita Filho. A democrata bateu pesado na falta de “feedback” do gestor a uma demanda específica e de extrema urgência. A ação rendeu elogios dos demais vereadores, que fizeram apontamentos no mesmo sentido. “Quando o vereador Baiano era secretário da Saúde sempre me respondeu [...] Dr. Luiz Emílio Salomé tinha a dignidade de me responder. Casos de extrema urgência eu vou ligar. Secretário gostando ou não gostando, indo com a minha cara ou não indo com a minha cara”, declarou Deise.
ELA NÃO
A vereadora Regina Corrochel (PTB) comentou que também procura todos os secretários para resolver as demandas. A parlamentar citou o secretário de Governo e Relações Institucionais, Felipe Castro, que ao contrário de algum tempo, não estaria respondendo aos pedidos e questionamentos dela e de sua assessoria. Regina também fez uma outra declaração polêmica e que merece ser averiguada. Segundo ela, alguns servidores de carreira disseram-lhe que o prefeito Júnior Franco (DEM) teria ordenado que as suas demandas permanecessem paradas. A vereadora declarou ter ouvido do secretário de Educação, Bruno Roza, que dois vereadores lhe teriam dito para que não passasse informações antecipadas a ela. Uma referência aos colegas Marcelo de Oliveira (Republicanos) e Deise Olímpio, que apartearam e rebateram a acusação. Porém, o clima de constrangimento foi perceptível.
ERRATA
Na semana passada a coluna comentou a saída do vice-prefeito Carleto Denardi (MDB) da presidência do Saema. A informação trazida carece de uma correção sobre o seu desligamento. Ao contrário da afirmação de que se a eleição acontecesse em outubro, como prevê o calendário atual, Carleto deveria ter deixado a presidência seis meses antes, no caso em abril, tal regra é válida apenas para os secretários municipais e não para os presidentes de autarquias. Neste caso os mesmos devem deixar os cargos quatro meses antes do pleito. Deste modo, o vice-prefeito, por garantia, cumpriu o prazo legal estabelecido.
POLARIZAÇÃO
Na cabecinha de alguns apaixonados radicais de Esquerda e de Direita, a legitimidade do debate político pertence ao petismo e ao bolsonarismo. É óbvio que neste processo existem exceções. O problema é a cegueira da crença que não admite o protagonismo de outras forças políticas. Ainda mais nesses tempos de necessária defesa da democracia. A que ponto chegamos. Lembrei-me de um texto primoroso do jornalista Leonardo Sakamoto, sempre apropriado. "[...] Pois na cabeça de muita gente, de um lado ou de outro, estamos vivendo uma guerra. E, em uma guerra, encontramos espécimes que latem coisas do tipo: “Ou você está comigo ou está contra mim, porque o mundo se divide em amigos e inimigos [...]"