DEMITIDO
A saída do ex-ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta (DEM) era uma questão de tempo. É bem verdade que o médico agiu com correção na gestão da crise da pandemia, destoando das ações do Governo Federal. Entretanto, também é necessário que a população saiba que, em 2016, quando deputado federal e ao lado do então colega Jair Bolsonaro, votou contra o SUS, apoiando a emenda constitucional do Teto dos Gastos Públicos, que retirou da saúde pública cerca de R$ 22,5 bilhões nos últimos três anos. Este valor supera os R$ 18,9 bilhões destinados ao Ministério da Saúde para combater a pandemia do novo coronavírus.
PROFETADA
Até bem pouco tempo, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB) era adorado pelas mesmas pessoas que agora pedem o seu impedimento. Tudo porque o seu discurso era exatamente o que os seus então apoiadores queriam ouvir. Isto ficou evidente nas eleições de 2018. O relato bíblico do Velho Testamento, por exemplo, também narra vários acontecimentos neste sentido. Deus, quando queria falar ao povo de Israel, o fazia através dos velhos e sábios profetas. Todavia, o povo não os aceitava porque eles lhes diziam palavras que não eram do seu agrado. Israel preferia dar ouvidos aos falsos profetas, mesmo que a mensagem destes não correspondesse à divina, e somente atendesse ao seu próprio interesse.
PRIORIDADE
A luta contra a corrupção, Lula, PT e o mirabolante “plano de dominação vermelho” foram e ainda são os discursos de muitos políticos. Bem longe de defender os erros petistas. Muito pelo contrário. Entretanto, a corrupção não foi inventada pelo “petê”. Ela tem outros autores, poupados pelo senso de justiça seletivo. Dória espertamente utilizou este mesmo recurso, além de uma ferramenta que conhece como poucos: o marketing. Contudo, o fato é que, enquanto governador, a sua conduta no enfrentamento ao coronavírus (covid-19) tem sido correta. Na mesma direção, como já dito anteriormente por este colunista, é igualmente acertada a condução da crise pelo prefeito de Araras, Júnior Franco (DEM). O objetivo deve ser o de salvar vidas. E nesta hora é preciso que as bandeiras político-partidárias deem lugar à humanidade.
COERÊNCIA
É óbvio que a democracia precisa e deve ser alimentada pela pluralidade de opiniões. Entretanto, quando se trata de algo de extrema relevância, como é o caso do coronavírus (covid-19), é preciso que o interesse público, e neste caso, a preservação da vida, esteja acima do interesse econômico. Até o fechamento desta coluna, na segunda-feira (20), Araras havia registrado a 1ª morte causada pelo vírus. Assim, os ferozes críticos dos decretos estadual e municipal de combate à doença deveriam assumir a responsabilidade e os riscos por seus atos. Visto a insistência em não compreenderem a dimensão do problema que estamos vivenciando para evitar a propagação, seria apropriado que também abrissem mão de atendimento e tratamento médico, se infectados.
RESSURGIU
Um dos “líderes” do movimento pela reabertura das atividades econômicas e comerciais em Araras é o ex-vereador Douglas Rocha. Afastado da vida pública há alguns anos, ele discursou para um grupo de manifestantes no último domingo (19), ao término da carreata que protestou contra as medidas adotadas pelo estado de São Paulo, e por consequência, pela prefeitura de Araras. Em sua explanação, registrada em um vídeo, que horas depois foi excluído do Facebook, Douglas fez uma citação à Santo Agostinho, falando que a indignação requer coragem. E ele tem toda razão. No entanto, a frase, em seu contexto original refere-se à esperança. “A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.” Ou seja, vale lembrar o ditado de que “um texto fora do contexto vira pretexto.”
INTERVENÇÃO
Em seu Twitter, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, criticou duramente as manifestações que pedem a intervenção militar. “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King). Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso”, escreveu Barroso.
INTERVENÇÃO 2
Escolhido como um dos principais inimigos a ser combatido pelos bolsonaristas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM, divulgou nota nas redes sociais no domingo (19) repudiando a participação do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) em ato defendendo a volta da ditadura. “O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição. Não há caminho fora da democracia”, disse Maia.
TROCA
Na quinta-feira (16), a coluna já havia recebido a informação da mudança no comando na Secretaria Municipal de Assistência Social. Veridiana Figueiredo foi exonerada do cargo de gestora da pasta. De acordo com uma fonte ouvida por este colunista, a advogada não teria resistido às fortes pressões internas e externas. Por outro lado, uma outra fonte ligada ao Governo Franco garantiu que a sua saída se deu por razões técnicas. Apesar das especulações em torno dos nomes de vários políticos para a vaga, seu lugar deverá ser ocupado pela assistente social efetiva Delcina Maria de Sousa. Até onde se tem conhecimento, sem nenhum vínculo ou militância política.
CÂMARA
Em razão do ponto facultativo na segunda-feira (20) e do feriado de Tiradentes na terça-feira (21), a sessão camarária será realizada hoje (22), em seu horário tradicional (19h). O destaque fica por conta da já esperada ida do secretário Municipal de Governo e Relações Institucionais, Felipe Castro, ao Legislativo, atendendo ao convite formalizado pelo presidente da Casa, Carlos Alberto Jacovetti (REDE). Dentre os assuntos que deverão ser abordados pelo representante do Governo Franco e vereadores, estão o polêmico projeto que permite a terceirização do transporte público, e as obras das estações de tratamento de água e esgoto na cidade.
RESISTÊNCIA
Em tempos obscurantismo, encerro a coluna de hoje transcrevendo o texto do colega de casa, Plínio Montagner, publicado na semana passada no Opinião Jornal. Um alento de esperança e superação para todos nós. “Existe uma delicada plantinha chamada quebra-pedra (phyllantus tenellus) que é um exemplo natural de resiliência. Ante a natureza hostil ela enfrenta e vence, sem traumas, o calor sufocante, o açoitamento dos ventos, as tempestades, as secas e, no final, se insurge de um minúsculo espaço entre fendas das rochas, sem apoio e sem ajuda e, de sobra, tem poderes medicinais pelo chá milagroso aos que sofrem de gota.” Sim, acredite. “O estandarte do sanatório geral vai passar” (Chico Buarque).