"Pessoas feridas são perigosas. Elas sabem que conseguem sobreviver." (Josephine Hart).
Fredo Júnior
As marcas
Com o tempo a gente passa a enxergar a vida de um modo diferente.
Todo mundo faz um reparo ou uma reforma em casa. Claro, na medida que o dinheiro do orçamento deixa. Difícil é arrumar um bom profissional para fazer o serviço. Dei sorte com o Pedro, aliás o indico para quem quer um trabalho bem feito. Mandei quebrar parte do concreto dos fundos para ter mais área verde. Pé no chão. Conexão com a terra.
Bem, agora você está olhando a foto e deve não estar entendendo mais nada. Calma. Vou explicar. Outra parte da reforma previa refazer o contrapiso do quintal. Tudo feito no capricho. Porém, esquecemos de avisar algumas pessoinhas para que não passassem por lá. Pedro já começava a refazer o trabalho, quando eu lhe disse pra deixar como está na foto.
E por que deixar assim?
Porque a vida só vale a pena quando a gente tem as lembranças e as marcas. Algumas boas. Outras nem tanto. Muitas delas são cicatrizes de lutas e batalhas terríveis, doídas e quase permanentes.
As que tocam o coração e a alma também tem a forma de patinhas no cimento. Dezenas de pezinhos que te fazem ter a certeza de que, apesar de tudo, as suas marcas são generosamente verdadeiras e eternas.
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