09/02/2022 às 19h02min - Atualizada em 25/06/2022 às 23h29min

A DIFERENÇA

"A pouca medida de paz que todos nós procuramos, mas poucos encontram." (Simon Graham/Timothy Spall, em "O Último Samurai").

Fredo Júnior

Fredo Júnior

"Pessoas feridas são perigosas. Elas sabem que conseguem sobreviver." (Josephine Hart).

Fredo Júnior
Pragas e eventos.

A idade nos permite enxergar a vida de outro modo.

Por anos convivemos com a angustiante preocupação do "o que os outros irão pensar".

E os próprios anos nos trazem algumas certezas.

A primeira é a de que todos nós somos humanos, capazes de atitudes maravilhosas e outras não tão virtuosas assim. Isto porque o ser humano é falível. E neste caso, nem sempre o que pensamos sobre alguém, ou aquilo que uma pessoa pensa sobre nós pode ser tomado como verdade.

Cada um carrega dentro de si dramas e conflitos indizíveis. Este olhar de 'empatia' tem relação direta com uma mudança de postura sobre a vida: a troca da expectativa pela perspectiva. Ambas podem até 'soar' iguais, mas não são.

A expectativa nos torna reféns do imediatismo sobre algo que pode ou não acontecer. Já a perspectiva requer uma visão equilibrada e de maior amplitude acerca de determinadas situações. Quando conseguimos distingui-las, a vida torna-se menos complicada. Todavia não é uma tarefa fácil.

Pessoas entrarão e sairão da nossa vida. Poucas permanecerão. E essas ficarão até o fim porque nos conhecem. Estarão por quem somos. Os conflitos são inevitáveis, ocorrem por inúmeras razões e muitas vezes somos responsáveis por eles. Outras, não. 

Porque certas pessoas desconhecem o que encontramos pelo caminho e os motivos pelos quais não correspondemos às suas expectativas. E quase sempre nos julgam de acordo com a sua própria conveniência e interesse. Pior que a 'régua' moral de seu julgamento é a sordidez de suas atitudes, quase sempre imorais, desleais e antiéticas. Desejam o que temos porque jamais conseguirão nos roubar a essência.

Guarde bem esta regra: não se permita carregar sozinho a bagagem que pertence a outro. Trata-se de saúde mental.

A segunda certeza é a de que jamais poderemos oferecer amor a alguém sem antes nos amarmos. 

Existe uma dificuldade imensa para compreender isto. Algumas pessoas viivem as suas vidas dedicando-se integralmente aos outros. Menos a elas próprias. E por várias razões. Desde a necessidade de um cuidado especial a uma determinada situação ou até mesmo uma atitude de autopunição por acharem-se indignas de serem cuidadas.

Tudo não passa de uma tentativa frustrada de controle, cujo pano de fundo é o medo de que a sua fragilidade seja revelada. Creem que a dureza da vida lhes impôs a sentença de não poderem ser amadas. É a forma que encontraram para enfrentar a dor. 

A ironia reside no fato de que depois de um tempo descobrimos que nunca controlamos coisa alguma. E o tempo?  Ah, o tempo escancara o que é preciso. Ele cuida de descontrolar tudo à nossa volta para que, a partir do 'caos' a gente reaprenda a viver. É um longo caminho a ser percorrido. 

Porque a cura acontece pelo amor, que só pode ser sentido e vivido com verdade e intensidade. 

Por fim, depois de um tempo, não queremos mais ter razão sobre tudo, e sim apenas sentir "a pequena porção de paz" sobre todas as coisas. 

O mesmo tempo é sim o melhor companheiro neste trem doido que chamamos de vida. Meu irmão sempre diz que ele é "um santo remédio". Claro, provocador que sou evoco a máxima de Paracelso.

"A diferença entre o remédio e o veneno está na dose".

Quando a compreendemos nos libertamos.


 
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