25/10/2020 às 13h30min - Atualizada em 14/08/2022 às 13h40min
O XIXI, O RELÓGIO E O DIDI (*)
“Eu vim de outras vidas, as marcas sofridas estão guardadas em nós, se viemos de longe a fé na saída é tão certa quanto a chegada a sós.” (Lucas Sthefan).
Fredo Júnior
Arquivo pessoal O vidro do meu relógio (sim, eu sou um daqueles que ainda carrega um no pulso) quebrou.
Deixei na mesa do escritório e um dos pequenos conseguiu a proeza de fazer xixi exatamente no buraco do vidro.
Levei o dito cujo ao meu querido amigo e relojoeiro, Didi Carpini.
Ele abriu, olhou e tentou dar uma ajeitada no estrago.
- Fredo, não vai dar pra tirar tudo, não. Ficou marcado.
Naquele instante eu me dei conta de mais uma generosa lição que a vida estava me proporcionando.
Ao olhar novamente para as manchas amareladas dentro do relógio, fui rememorado de que a vida só vale a pena quando ela deixa marcas. Algumas são boas, outras ruins. Mas o fato é que elas estão em nós. E sem elas não seríamos o que nos tornamos e o que somos.
A estética do relógio tem conserto.
Mas ele permanecerá assim como está na foto.
Justamente para que todas as vezes em que olhar as horas e enquanto o relógio funcionar, eu possa me lembrar daquilo que realmente tem valor e é importante.
Em tempo: ainda não descobri quem é o mijão.
(*) Em memória do meu amigo Didi Carpini.