Foto: Blog Start Sports/Getty Images. Não sou e jamais serei um "crítico de cinema".
Na verdade e coincidentemente, este texto surgiu depois de uma conversa sobre alguns assuntos que nele estão contidos.
Ele propõe uma pequena reflexão, apropriada para os nossos dias. "Invictus", filme do genial Clint Eastwood coloca o dedo na ferida do racismo e mostra uma África do Sul dividida pela covardia, crueldade e o discurso do ódio segregacionista do Apartheid.
Nélson Mandela (Morgan Freeman) e François Pienaar (Matt Damon) eram o então presidente recém-eleito e o jogador de rúgbi da seleção nacional.
Prêmio Nobel da Paz em 1993, Mandela havia passado 27 anos preso, sentenciado a uma detenção perpétua por conta de seu ativismo em defesa da igualdade, da democracia e de seu povo.
O jovem Pienaar carregava a faixa de capitão dos "springboks" que disputavam a Copa do Mundo da modalidade.
O mandatário em sua missão de reconstruir o país buscou unir a nação através do esporte.
Para este fim utilizou a sua própria história, relatada ao capitão, que por sua vez a toma para si e para a equipe como motivação.
Em 24 de junho de 1995, a seleção da África do Sul venceu a favorita Nova Zelândia por 15 x 12, tornando-se campeã mundial de rúgbi.
Sim, o país dividido pela violência e pela intolerância conseguiu unir negros e brancos tornando-se uma só nação.
Mandela e Pienaar foram os artífices de algo incomensurável e servos do propósito maior de vencer as próprias diferenças.
"Invictus" deveria ser assistido por todos aqueles que professam a fé cega de que o mundo é perfeito, justo e com oportunidades iguais para todos.
E embora o filme apresente como temas principais as questões do preconceito racial e dos direitos civis, ele vai muito além.
A arte tem o poder de trazer à luz as verdades mais difíceis de serem compreendidas.
A obra precisa ser vista por profissionais e equipes do mundo corporativo, pois trata de pessoas, empatia, alteridade, humanidade, respeito, liderança, gestão de pessoas, resiliência, comprometimento, flexibilidade e capacidade de adaptação.
Mas essas habilidades não estão restritas apenas ao contexto laboral.
Elas deveriam fazer parte do que e de quem somos.
Todavia, para que consigamos incluí-las em nossas vidas é preciso que tenhamos caráter e disposição.
Há muitos anos eu descobri que os muros nos dividem. E apesar de mim mesmo e dos meus inúmeros defeitos prefiro seguir tentando construir pontes.
Nem sempre a razão e a paz moram na mesma casa.
Eu prefiro a segunda.
E você?