Você é um dos muitos cristãos de bem que se escandalizaram com o desfile da Mangueira que tematizou Jesus?
Deixe-me dizer uma coisa.
Jesus nunca esteve e jamais estará dentro de sua caixinha de preconceito, aquela mesma que você insiste utilizar para justificar toda a fragilidade da sua fé.
Cristo não pode ser explicado mediante a sua conveniência, justamente porque o Evangelho não está submetido àquilo que você considera "politicamente correto".
Jesus não é propriedade do seu templo.
Ele está na periferia.
Ele é o pobre, o excluído, o marginalizado, o oprimido, o desabrigado, o refugiado, o desempregado, o malabarista do sinal vermelho, o negro ainda escravizado, a mulher violada em seus direitos, o índio tolido de sua própria terra, o gay desprezado, a criança abusada e sem esperança, o jovem sem perspectiva, o idoso abandonado, o deficiente que luta por inclusão e dignidade, os animais e a natureza, e todo aquele que clama por justiça.
O Evangelho nos ensina que a dor e a luta de um desses deveria ser a de todos nós.
Calar-se diante do entreguismo e desmonte do Estado, dos serviços públicos que são essenciais para a maioria da população ou apoiar a precarização das relações de trabalho e uma reforma de previdência perversa que oprime quem menos tem é um "pecado" tão grave quanto outro qualquer.
O rito e a liturgia que você defende com unhas, dentes e até mesmo "fazendo arminha", relativizando a vida, não irão te levar ao divino, e acredite, a sua tão sonhada vida eterna vai estar bem mais distante.
Porque o Jesus que você diz servir e adorar, há muito tempo provou que para se alcançar o divino é preciso ter e exercer misericórdia e simplesmente ser humano.