Baseado na matéria de Alexandre Putti, no site Carta Capital em 22 ago 2019.
Mato Grosso Mais João Pessoa (PB).
Terça-feira, vinte de agosto.
Moradores do Cabo Branco, bairro nobre da cidade procuraram a vereadora Helena Holanda (PP), uma das autoras do projeto “Praia Acessível”, iniciativa digna de aplausos, que promove a inclusão de pessoas com deficiência e as leva para participarem de atividades com música e esporte na orla da praia.
Mas não se tratou de uma ação de apoio ao projeto.
Pelo contrário.
O 'incômodo' dos moradores se deu 'por se tratar de área ilustre da cidade, lugar de pessoas bem criadas e que a orla do Cabo Branco foi criada por pessoas de renome e que o projeto não estaria trazendo um 'quadro belo' para a vizinhança.'
Em outras palavras, quiseram impedir o acesso dessas pessoas ao local.
Holanda manteve-se firme, e garantiu que o projeto não será retirado do local em hipótese alguma, e que, caso as pessoas estivessem incomodadas, podiam se mudar para outro bairro. Segundo ela, o programa será ampliado.
E o mais importante, a parlamentar vai oferecer ao Ministério Público a denúncia de discriminação de moradores contra os deficientes.
Certamente o episódio causa repulsa.
Mas não se trata de algo isolado.
O preconceito de quem ocupa "a ponta da pirâmide" sempre existiu.
Retrato de um país onde a 'classe dominante' nunca admitiu dividir o mesmo espaço com os que não tem "sangue azul". Exceto no período eleitoral, onde os plebeus são utilizados convenientemente como massa de manobra. E o pior de tudo é que ajudam a manter o reinado que os esmaga dia após dia.
Ancorada no discurso de ódio, segregação e exclusão do atual mandatário da nação, a elite perdeu de vez a vergonha de mostrar a sua cara e o que pensa sobre quem não transita em seus quintais.
O título da crônica é uma oportunidade para relembrar um grande sucesso do rock brasileiro dos anos 80, que trata, mesmo que sutilmente, das diferenças sociais.