Socpam/PR O assunto não é novo e divide opiniões.
Há um bom tempo os ativistas ligados à proteção animal na cidade tentam impedir a realização de eventos que utilizem animais como sua atração.
Por outro lado, os simpatizantes da prática defendem os rodeios justificando o respeito aos animais de acordo com as leis previstas.
Promovido pela Liga Professional Bull Riders (PBR) e organizado pela IMM Eventos, uma etapa do calendário da PBR de montaria em touros será realizada em Araras nos dias 13 e 14 de março.
Os rodeios acontecem na cidade nas “Festas do Peão” que tradicionalmente são realizadas no Parque Ecológico. O que chama a atenção neste evento é o fato dele acontecer dentro do Ginásio de Esportes Nélson Rüegger, o que levantou mais questionamentos da população.
O Conselho Municipal de Bem Estar dos Animais (Combea) foi comunicado sobre o evento na quinta-feira (6).
Segundo o presidente do órgão, João Cunha, depois de tomar conhecimento do fato, o conselho agora vai deliberar sobre o assunto em uma assembleia extraordinária que será convocada e deverá acontecer nos próximos dias.
“É sabido que os protetores que fazem parte do conselho são totalmente contrários ao rodeio. Entretanto, o colegiado tem pluralidade de ideias e é democrático. Existem apontamentos que precisam ser debatidos sobre este evento, visto que o conselho tem dentre as suas atribuições, a de fiscalizar eventuais maus-tratos que possam ocorrer aos animais”, comentou Cunha.
O Independente conversou com Edson Volpi, presidente do Clube dos Cavaleiros e organizador local. Segundo ele, o evento tem um caráter filantrópico.
“O aluguel do espaço cobrado pela prefeitura ficaria em torno de R$ 12 mil. Acertamos com a Administração, então, o pagamento de R$ 20 mil, que serão destinados integralmente à Santa Casa de Araras. Além disso, parte do lucro do evento também será doado ao hospital”, declarou Volpi.
Ele explicou que em 2016 e 2017 o evento foi realizado no Parque Ecológico e que o formato “indoor” irá acontecer em mais três cidades brasileiras (Goiânia, Cuiabá e Brasília). Volpi afirmou que toda a estrutura operacional será de reponsabilidade dos organizadores, não gerando custos ao município.
Procurada, a Prefeitura de Araras informou que deferiu o pedido de isenção da cobrança da taxa de uso do Ginásio de Esporte por conta do caráter social e filantrópico do evento, uma vez que parte da renda será revertida para a Santa Casa de Misericórdia de Araras.
De acordo com a nota divulgada, “os organizadores serão responsáveis pelas adequações necessárias para garantir a preservação da estrutura do Ginásio, como a colocação de camadas de proteção no piso e areia para o evento, e também por devolver o local nas mesmas condições apropriadas de uso”.
CÂMARA DE VEREADORES
Em 2011, uma proposta para proibir a realização de rodeios em Araras foi debatida na Câmara de Vereadores. O projeto do então vereador Mami (PT), foi derrotado por 6 x 5.
Votaram a favoravelmente o próprio autor, Breno Cortella, Éder Müller, Magda Celidório e Eduardo de Moraes. Os vereadores Zé Bedé, Derci Tófolo, Erinson Mercatelli, Irineu Maretto, Miqueira e Marcelo Fachini foram contrários.
Agora, a pauta da proteção animal que tem sido “defendida” por alguns parlamentares ararenses ganhou força com a realização do evento.
CONTRA O RODEIO
Os ativistas da proteção animal justificam que os rodeios são uma prática cruel, que colocam touros, cavalos e outros animais em situações de estresse físico e psicológico. Existem relatos de que os animais recebem choques elétricos antes de entrar na arena.
Segundo os protetores, a pior prova é a de laço, pois ao serem derrubados, os bezerros podem sofrer fraturas e ficar tetraplégicos ou morrer devido a hemorragias. Em 2011, no rodeio de Barretos, um bezerro foi morto.
No ano de 2018, A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 2.086/2011 do deputado Ricardo Tripoli, que pretende proibir não o evento em si, mas as “perseguições seguidas de laçadas e derrubadas”.
Rosângela Ribeiro, gerente de programas veterinários da WSPA Brasil (Sociedade Mundial de Proteção Animal) afirma que “É um engano imaginar que o rodeio representa a cultura do campo. Ele não faz parte da nossa tradição. Foi importado dos EUA e não traz nenhum enriquecimento ou aprendizado cultural.”
A FAVOR DO RODEIO
Hugo Resende Filho, presidente da associação Os Independentes, da Festa do Peão de Barretos, afirma que o índice de morte é de apenas 0,0004% nos últimos 25 anos. “O rodeio é um esporte reconhecido por lei”.
Ele argumenta que os primeiros rodeios foram realizados no Brasil em 1947 e, apesar de se tratar de uma tradição trazida dos Estados Unidos, acabou ganhando traços do interior do país, como shows de música caipira e sertaneja e comidas típicas.
“A modalidade ajuda a desenvolver as comunidades onde são realizados, gerando empregos diretos e indiretos. Banir os rodeios gerará um efeito negativo na economia. O que deve ser proibido é o maltrato de animais nesses eventos”, finalizou Resende.