O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, fez críticas ao governo Bolsonaro, aos seus ataques às instituições republicanas e à condução da política econômica.
“Provavelmente a nota histórica [sobre Bolsonaro] vai ser a de um governo que produziu muitos ataques às instituições, às vacinas, à Anvisa, à urna eletrônica, à imprensa”, declarou em coletiva com jornalistas na quinta-feira (17).
Dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, Gomes afirma que a postura da entidade nos próximos anos será orientada politicamente para defender a indústria.
“O Brasil está em um ponto de inflexão e estamos vivendo o fim de uma era, que coincide com uma enorme preocupação dos países de se reindustrializar”, disse.
Josué lembrou que o setor industrial hoje tem menos de 11% de participação no PIB nacional – e já teve 20%. “O Brasil se surpreenderia com a força e a capacidade da indústria de transformação em gerar emprego, renda e inovação, e reduzir as desigualdades”, ressaltou o recém-empossado presidente da Fiesp.
Ele lembrou o que o motivou a concorrer à presidência da Fiesp: “como um país com tanta riqueza como o Brasil pode ter 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e uma indústria de transformação que perdeu tanto dinamismo nas últimas quatro décadas”.
“Tem que ser o Estado necessário”, afirmou. “O fim é o homem. A economia é o meio”, acrescentou. Ele defendeu ‘um direcionamento do Estado para as políticas que fazem sentido, com um estado planejador”.
Para o presidente da Fiesp, a entidade se manterá apartidária em relação às eleições deste ano. “Independente de quem ganhar a eleição, o Brasil não vai acabar”, declarou.
Na última reunião do Copom, quando o Banco Central elevou a taxa básica de juros para 1075% ao ano, no dia 2 de fevereiro, Josué Gomes da Silva, recém empossado na presidência da entidade, condenou a decisão que atinge a “atividade econômica já combalida” através de nota da entidade:
“Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo as questões conjunturais, em geral de curto prazo e que definem as ações monetárias do Banco Central (BC), não devem sobrepor-se às razões estruturais que influenciam a economia nacional. Muito mais que o BC e o Tesouro, são os poderes da República e a sociedade que devem dar as diretrizes visando o interesse comum do desenvolvimento nacional”, dizia trecho da mensagem.