25/07/2019 às 12h54min - Atualizada em 25/07/2019 às 12h54min

PRISÃO DE “HACKERS” COMPROMETE MORO AINDA MAIS

Porque, aquilo que importa no caso é exatamente isso: se as mensagens de Moro para o procurador Dallagnol são verdadeiras ou não.

Hora do Povo
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Hora do Povo
Por Hora do Povo

O que há de mais suspeito na prisão dos supostos “hackers” de Araraquara (logo a Morada do Sol!) é a euforia desbragada do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Como se as prisões fossem uma absolvição dos delitos que cometeu na função de juiz, colocando em risco os resultados de uma das mais importantes operações já realizadas no país, a Operação Lava Jato.

Vamos admitir, só para raciocinar, que os “hackers” que foram presos tenham sido a fonte das mensagens de The Intercept Brasil.
Isso está longe de estar provado, mas vamos admiti-lo, por um momento.

Mas isso não é a prova de que as mensagens são verdadeiras?

Porque, aquilo que importa no caso é exatamente isso: se as mensagens de Moro para o procurador Dallagnol são verdadeiras ou não.

No mandado de busca, assinado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, são citados, como vítimas do ataque, Sérgio Moro, um desembargador federal (Abel Gomes, do TRF-2), um juiz federal (Flávio Lucas) e dois delegados da PF (Rafael Fernandes e Flávio Vieitez).
Dallagnol não aparece como vítima do “hackeamento”. O “hackeado” é Moro.

Depois, em comunicados posteriores da PF, apareceram “indícios” de 1.000 vítimas, inclusive, na manhã da quinta-feira (25/07), Bolsonaro (diz a nota do Ministério da Justiça que “aparelhos celulares utilizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de hackers preso na última terça feira (23). Por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao presidente da República”).

Claro, só faltava Bolsonaro. O que torna tudo mais suspeito, inclusive porque um dos presos, Gustavo Henrique Elias Santos (ou DJ Guto Dubra), era um fanático bolsonarista (v. a reportagem de Ivan Longo, Um dos “hackers” de Araraquara é apoiador de Bolsonaro).

Mas, voltemos à nossa hipótese: admitindo-se que os presos “hackearam” Moro – e que essa foi a fonte das mensagens publicadas por The Intercept Brasil – essa seria uma prova de sua veracidade.

No entanto, diz o ministro Moro que não é assim. Em sua nota, diz ele: “Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas pelo crime”.

Mas, afinal de contas, se Moro diz que foi “hackeado”, por que as mensagens são “supostas”?

Será que os hackers, depois da trabalheira desgraçada para conseguir as mensagens, se deram ao trabalho de alterá-las?

Pois é isso o que Moro está insinuando.

Mas por que não diz isso claramente?

Por que foi incapaz de apontar um único trecho que tenha sido alterado, mesmo quando instado a fazê-lo, pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), em seu depoimento na Câmara? (v. HP 03/07/2019, Moro não responde a Molon: “existe algum diálogo que V. Exª negue?”).

É óbvio que Moro quer, ainda, manter duas versões diferentes – a de que foi “hackeado” e a de que as mensagens são falsas, como se tivesse duas almas, ou como se a realidade pudesse ser uma coisa e outra coisa ao mesmo tempo.

Mas, se são falsas, por que ter o trabalho de “hackeá-las”?

https://horadopovo.org.br/prisao-de-hackers-compromete-moro-ainda-mais/
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