12/07/2019 às 20h59min - Atualizada em 12/07/2019 às 20h59min
PEDOFILIA E CORRUPÇÃO NA IGREJA CATÓLICA: EX-PÁROCO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO EM ARARAS, PADRE LEANDRO É CAPA DA VEJA
Revista publicou relatos de vítimas do clérigo. Além dele, os padres Felipe Negro e Carlos Alberto da Rocha, atualmente em Araras, também são citados na reportagem. Escândalo custou o cargo do bispo da Arquidiocese de Limeira, Vilson Dias de Oliveira, que teria sido conivente e lucrado com os abusos cometidos.
- Da redação
Revista Veja
Revista Veja O assunto não é novo. Na edição desta semana, a revista Veja escancara a sujeira escondida nos bastidores, em um dos maiores escândalos da Igreja Católica em Araras e no Brasill.
Em sua capa, o ex-pároco da igreja de São Francisco, Leandro Ricardo. O conteúdo da
matéria é chocante e repulsivo.
Uma primeira denúncia ocorreu há quinze anos. Na ocasião, o então bispo emérito da Diocese de Limeira, responsável por Araras e outras quinze cidades, Vilson Dias de Oliveira não tomou providências sobre o ocorrido. Além de Leandro, os padres Carlos Alberto da Rocha e Felipe Negro também foram citados na reportagem.
Um dossiê foi enviado ao Vaticano pela advogada Talitha Camargo da Fonseca e pelo o produtor audiovisual José Eduardo Milani. E não trata apenas dos casos de pedofilia. As vítimas afirmam que o bispo exigia dinheiro dos padres para deixá-los atuar sem ser investigados.
A prática da propina teria rendido um patrimônio de mais de R$ 1,5 milhão. Dom Vilson está sendo investigado pela Polícia Civil por extorsão, enriquecimento ilícito e por acobertar os casos de abuso sexual cometidos pelo padre Leandro.
O Independente transcreveu alguns trechos da reportagem, com parte dos relatos das vítimas.
“O padre Pedro Leandro Ricardo me olhava de forma diferente. Eu tinha 16 anos, quando ainda não me entendia como uma mulher transexual. Como meu pai havia morrido, achava
que o pároco tinha carinho por mim. Ele começou a ficar ao meu lado enquanto eu vestia a túnica de coroinha. Depois, passou a me ajudar com as vestes para tocar o meu corpo, com a desculpa de desamassar o tecido. Um dia, abriu as minhas pernas e segurou as minhas coxas. Dei um berro na sacristia e saí correndo. Meu corpo tremia. Na hora, lembrei do abuso sexual que havia sofrido aos 3 anos do meu padrasto. Após o episódio, o Leandro me tirou das atividades da igreja. Tempos depois, já com 18 anos, quando fui estudar no seminário, tive um caso com outro padre, o Felipe Negro. ‘Quem não tem padrinho morre pagão.” (Paula Valentin).
“Quando o padre Pedro Leandro Ricardo assumiu a igreja, em 2002, mantive minha rotina de ajudar nas missões na zona rural. Na época, eu tinha 16 anos. Em um de nossos primeiros encontros, ele elogiou meu corpo e meu visual. No carro, esbarrou na minha perna. Depois, celebrou a missa como se nada tivesse acontecido. Na volta, porém, foi mais direto: enquanto dirigia, pegou no meu pênis. Tivemos uma discussão feia dentro do carro. No dia seguinte, enquanto eu vestia a túnica de coroinha da missa de domingo, Leandro disse que não precisava mais de mim. Como não pôde avançar no abuso, ele me expulsou da igreja. O monstro não conseguiu o que queria e me tirou a base da minha vida social.” (L.A.).
“O padre Carlos Alberto da Rocha era para mim uma figura paterna. Meu martírio começou aos 16 anos. Eu o ajudava nas missas e, muitas vezes, dormia na casa paroquial, pois estudava em outra cidade. Quase toda noite, durante um ano, ele me molestou (chora). O padre tocava meu pênis, me masturbava. Minha primeira ejaculação foi resultado de uma experiência de medo, forçada, nojenta. O padre dizia que aquilo era normal e fazia ameaças. Dizia que, se eu abandonasse a Igreja, iria virar um bandido por ser pobre. E também que ninguém acreditaria na minha palavra porque não tinha pai (chora). Pouco antes de morrer de câncer, minha mãe me disse, deitada na cama: ‘Sorte que o padre vai cuidar de você’ (chora muito). Ela foi embora sem saber que seu ídolo era um monstro.” (S.M.).
A matéria completa pode ser acessada e visualizada em
https://veja.abril.com.br/brasil/jovens-abusados-por-padres-revelam-seus-dramas-pela-primeira-vez/?utm_source=whatsapp