14/01/2020 às 12h24min - Atualizada em 14/01/2020 às 12h24min

É HORA DA ECONOMIA CRESCER EM 2020 OU REPETIR OS ÚLTIMOS ANOS?

Pedro Felipe Santos

Pedro Felipe Santos

Pesquisador da Faculdade de Ciências Aplicadas de Limeira, Mestrando em Administração e Economia e Graduado em Administração Pública pela Unicamp .

Pedro Felipe Santos
Mato Grosso Econômico
O crescimento econômico no ano que passou foi, no geral, decepcionante. E para surpresa de muitos e previsão de outros, o governo ainda resolveu criar um imposto para operações financeiras digitais no final de 2019. Quem diria que um governo autodeclarado neoliberal não apenas manteve a carga tributária, como ainda resolveu especular a criação de um novo tributo?

O governo mostra com essa atitude que não possui clareza e nem rumo na maneira que governa e conduz a economia. Nesse caso, a desconfiança beira os defensores do liberalismo, pois não sabem ao certo se a carga tributária de fato diminuirá, assim como beira os estadistas, que não acreditam que haverá eficiência na arrecadação e nos gastos públicos futuros.

Entretanto, uma certeza é consenso entre economistas: com o nível de déficit que o Brasil apresenta atualmente está proibido reduzir a carga tributária. A solução, porém, está longe do seu aumento. É preciso tirar coelhos da cartola ou, na prática, o ministro da economia vai precisar trabalhar e ser competente em suas ações. Se isso acontecer será algo inédito até aqui.

O balanço de 2019 demonstrou expectativas altas em relação ao crescimento do PIB. O mercado especulava superávit de 2 a 3%, principalmente as bolsas de valores e commodities com as reformas previstas. Mas passado o tempo, a vida real apareceu e mostrou a dura realidade da inabilidade técnica, tanto da política, quanto da iniciativa invisível que movimentaria, em tese, o mercado. O PIB encerrou o ano com crescimento abaixo de 1%,  frustrando as apostas.
 
O que esperar da economia em 2020? O cenário apresentado mostra empresas endividadas, assim como as famílias com dificuldades no planejamento financeiro. Os bancos não conseguem recuperar inadimplentes, e assim todos ficam devendo. O governo tenta propor reformas, mas antes precisa convencer a si mesmo de que esse é o melhor caminho para depois convencer a população. 

Uma alternativa viável é a redução da taxa de juros, que diminui a necessidade do pagamento de altos juros para investidores, principalmente estrangeiros. O valor pago de juros da dívida externa beirou os impressionantes R$ 349,2 bilhões entre outubro de 2018 e outubro de 2019, segundo a Revista Exame.

A previsão dos economistas é de redução da Selic e, consequentemente, da dívida. Isso pode ser uma pequena luz no fim do túnel. Mas, conhenhamos que não há soluções iminentes para sair dessa recessão. O roteiro, entretanto, é parecido com a crise da década de 80. Porém, o setor da Construção Civil está tão atolado que impede qualquer retomada do mercado produtivo.

O número de desempregados segue na casa de 12 a 13% e a capacidade produtiva industrial em 70%, quando o comum deveria ser 80. Caso haja esse ajuste na redução do desemprego (inclusive na taxa de trabalhadores informais), e aumento na capacidade produtiva, a economia poderá crescer de 2 a 3%.

O problema é que essa previsão foi a mesma nos últimos 3 anos, mas a economia no final acabou estagnada e desde então recua ou segue parada. Caso nada disso aconteça, infelizmente o cenário se repetirá e o Brasil continuará a ser sempre o país do futuro e, quem sabe, do presente.
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