A preocupação com o meio ambiente é emergente e precisa estar presente em todos os cenários da economia do país, especialmente no comércio exterior. A polêmica acerca do óleo derramado nas praias do Nordeste foi um dos pontos que alarmou, ainda mais, a preocupação em regulamentar o uso do combustível utilizado pelos navios nos transportes marítimos. Assim, entra em vigor no próximo dia 1º de janeiro o regulamento IMO 2020, que determina o uso de combustível com baixo teor de enxofre pelas embarcações.
O padrão de teor máximo de enxofre que até então era de 3,5%, passa a ser de 0,5%. Esse importante passo para a indústria naval também caracteriza um grande avanço no cuidado com o meio ambiente, especialmente na questão da poluição do mar. O regulamento IMO 2020 é o primeiro de uma série de medidas da Organização Marítima Internacional (IMO) com o objetivo de reduzir a poluição marinha.
O transporte aquaviário no Brasil é extremamente importante para o comércio exterior, mas ainda tem muito a ser aproveitado. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), divulgados pelo Ipea, entre 2003 e 2009 houve um crescimento médio anual de 7% neste modo de transporte. Entretanto, tal crescimento foi devido principalmente ao comércio exterior. A movimentação de carga de cabotagem cresceu no mesmo período a uma razão de 3% ao ano.
Com base na suposição de que o crescimento entre óleo combustível com alto teor de enxofre (HSFO) e óleo combustível com baixo teor de enxofre (LSFO 0,5%) será de 250 dólares por tonelada até 2020, a Hapag-Lloyd estima custos adicionais de cerca de 1 bilhão de dólares nos primeiros anos. A empresa foi uma das convidadas a participar da mesa de debate do Perxpectivas 2020, maior evento de comércio exterior do Brasil, realizado pela Asia Shipping (AS) , maior integradora logística da América Latina.
Além de Luigi Ferrini, vice-presidente sênior da Hapag-Lloyd para o Brasil, a mesa de debates intitulada "Desafios Operacionais 2020" reuniu também Cleverton Vighy, diretor regional para o Brasil da Lufthansa Cargo; Ricardo Arten, CEO da Brasil Terminal Portuário e Rafael Dantas, diretor comercial Brasil na AS. Entre os assuntos abordados destacam-se IMO 2020, cabotagem, o mercado latino-americano, processos de desembaraço aduaneiro, OEA e principalmente quais os desafios a serem enfrentados no próximo ano.
Para a AS, trazer à tona o debate acerca do da IMO 2020 reforça a necessidade de adequação das empresas não só para se manterem em dia com a legislação, bem como com a natureza. A multinacional destaca-se por sua responsabilidade socioambiental, atestada pelas certificações e premiações como o Selo Verde, concedido pelo Jornal do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, e a adesão aos 10 princípios universais propostos pelo Pacto Global da ONU . "A AS se orgulha em dizer que realiza suas atividades com responsabilidade para uma economia global sustentável e, por isso, faz questão de oferecer espaços de debate para ampliar a visão de seus parceiros", afirma.
Segundo o site oficial da IMO, um estudo sobre os impactos na saúde humana das emissões de SO² dos navios, submetido ao Comitê de Proteção do Meio Marinho (MEPC) da IMO em 2016 pela Finlândia, estimou que ao não reduzir o limite de enxofre para navios a partir de 2020, a poluição do ar dos navios contribuiria para mais de 570.000 mortes prematuras adicionais em todo o mundo entre 2020-2025.
"É preciso estar preparado para essa mudança, com a certeza de que assim será possível fazer um mundo muito melhor", finaliza a AS.