A obesidade é um problema de saúde pública. E muitas são as comorbidades relacionadas ao aumento de peso: pressão alta, diabetes, gordura no fígado, triglicerídeos ou colesterol alto, desgaste na coluna, nos joelhos, etc.
No que se refere à cirurgia bariátrica, até um tempo atrás, ela era vista como resolução para comorbidades estéticas. Contudo, hoje os rumos são outros. A cirurgia bariátrica é indicada a partir do momento em que a pessoa seja obesa há pelo menos 02 anos, está com problemas de saúde e não conseguiu sucesso de perda de peso por outros métodos, como dieta, atividade física, ou medicação com acompanhamento médico. Nesse caso a cirurgia acaba sendo a última saída.
Critérios para a cirurgia
Há ponderações técnicas utilizadas no intuito de indicar ou não a cirurgia bariátrica. Vale conferir:
“Além da obesidade em si, existem as pessoas que fazem parte de um grupo que pode se beneficiar com a cirurgia. Para essas, utiliza-se um cálculo de peso dividido por altura ao quadrado, ou seja, aquele que denominamos de Índice de Massa Corporal (IMC)”, explica o Dr. Fábio Strauss, Cirurgião Geral.
Pacientes que têm esse índice acima de 40 já tem indicação para cirurgia bariátrica. Já os que estão entre 35 e 40, devem ter mais de 02 comorbidades (doenças) relacionadas à obesidade pra entrar no critério de realização da cirurgia. São aquelas mencionadas no início da matéria, como: pressão alta, diabetes, desgastes da coluna, etc.
Todo o processo da cirurgia bariátrica, desde a decisão, no pré e pós-operatório, o paciente terá o acompanhamento com o endocrinologista para o resto da vida. “Lembrando que a bariátrica é recomendada para o paciente que tem uma obesidade refratária a tratamento medicamentoso, ou seja, aqueles que fazem um tratamento durante dois anos, contínuo, com medicação, nutrição e mudança no estilo de vida, e não consegue perder peso”, relembra a endocrinologista e nutróloga Dra. Raquel Constantino.
Técnicas diferentes de cirurgia bariátrica
Existem dois métodos para a realização da cirurgia bariátrica. O primeiro deles é o denominado Bypass, onde todo o estômago é mantido, mas diminuído, desviando o trânsito alimentar. O outro é o Sleeve, onde uma parte do estômago é retirada.
Qual seria a melhor? O Dr. Fábio responde: “Não existe a pior ou a melhor técnica. Cada caso é avaliado individualmente. Vê-se qual técnica é a melhor para aquele paciente e, então, a cirurgia é realizada.”.
Os estudos mostram que entre 35 até 45 % do peso inicial se perde com a cirurgia.
Principais benefícios para a saúde
Como já mencionado, acreditava-se antigamente que a cirurgia bariátrica era recomendada apenas por questões estéticas.. Entretanto, os estudos já mostram, há muito tempo, que várias outras doenças estão relacionadas à obesidade.
“Vale apontar os cânceres do aparelho digestivo (estômago, intestino, fígado), além do câncer de pâncreas e câncer de mama” , assinala Dr. Fábio.
A Dra. Raquel complementa: “O paciente obtém vários benefícios: consegue melhorar a glicose, muitas vezes deixa até de tomar medicações de diabetes, alcança melhora na pressão e inclusive elimina o uso de remédios de hipertensão arterial, melhora o colesterol, autoestima, ganha saúde. Claro, tem que ser feito com cautela, cuidado e acompanhamento.”.
Vale lembrar que não se pode fazer da noite para o dia a cirurgia e abandonar o tratamento posterior. É preciso repor vitaminas, mudar hábitos alimentares, associar outra medicação, atividade física. Ou seja, o acompanhamento é multidisciplinar, com o endocrinologista, nutricionista e principalmente com o psicólogo. O paciente vai entender, assim, a relação com a comida e não ter um reganho de peso posterior à cirurgia.
Conteúdo: Doutor TV