O novo Coronavírus (Covid-19) trouxe preocupações não só para os setores da saúde, mas também para toda a economia global.
Um dos setores mais afetados foi o A&B (alimentos e bebidas) que teve de se adaptar e reinventar durante o isolamento social causado pela pandemia.
Segundo pesquisas realizadas pela Food Consulting em parceria com o SEBRAE, as estimativas mostram que 20% dos estabelecimentos já fecharam em definitivo e até 30% dos estabelecimentos podem não suportar os próximos meses, gerando um grande impacto no segmento.
À contramão dessa terrível crise econômica, especialmente para o setor do entretenimento de maneira geral, existem estabelecimentos que se reinventaram e sobreviveram a pior onda da doença, conseguindo chegar à fase verde e tendo a possibilidade de ter esperança de que a recuperação financeira chegará nos próximos meses.
Exemplo disso é o restaurante Malum, localizado ao número 1878 da rua Pamplona, no Jardim Paulista, um dos bairros mais nobres da capital de São Paulo. Segundo João Gama, um dos dois sócios-fundadores do empreendimento, o setor foi diretamente e gravemente afetado. O grande sucesso obtido pelo Malum após sua recente abertura fez com que, muito logo, os sócios fizessem um investimento no início do ano para melhorias do espaço e não esperavam por uma crise sanitária tão próxima à época deste alto investimento.
“Tivemos uma queda de 80% do início da pandemia e hoje estamos crescendo exponencialmente atingindo 68%” contabiliza João.
O restaurante, com capacidade para 135 pessoas conseguiu sobreviver à pior fase da crise causada pela pandemia, exatamente como diversos outros estabelecimentos do setor também conseguiram: por meio do delivery.
Segundo aponta dados de pesquisa realizada pela Mobills, o Brasil teve um aumento de 103% nos pedidos via delivery no primeiro semestre de 2020. Os estabelecimentos tiveram de se adaptar à realidade, inovar no cardápio, disputar preços com a concorrência e tudo isso sem ter a oportunidade de contar com o ambiente aconchegante e sofisticado proporcionado por seus estabelecimentos, que poderiam agregar valor ao preço final dos produtos. “Foi algo novo, tivemos muitos ajustes, tivemos que reestruturar o nosso cardápio com opções mais em conta, procurar melhores opções de embalagens e trabalhar com a logística de entrega onde dependemos diretamente da colaboração do cliente, mas conseguimos superar e ir aumentando o faturamento, mas o ticket médio foi menor que o ticket médio do cliente que costumava consumir no local” - conta Marcos Gama, sócio-fundador do Malum Restaurante.
Ainda, segundo Marcos, a pandemia lançou luz a outras coisas antes não priorizadas, como as mídias sociais que, segundo ele, foram uma das poucas vitrines que possuíram durante o isolamento social. Com a preocupação com o digital cada vez maior, o setor do marketing digital, à contramão, teve um aquecimento considerável durante as fases vermelha e amarela do Plano São Paulo.
Medidas como a diminuição dos custos fixos altos, o desligamento de alguns equipamentos menos essenciais, promoções para estoque de produtos que não tinham uma saída fácil e, principalmente, parcerias para fornecimento de refeições e bebidas para empresas próximas ao restaurante, que mantinham uma rotina presencial de trabalhos, foram os pontos principais que permitiram que o Malum continuasse aberto e sobrevivesse à pior onda de uma das maiores crises sanitárias que o Brasil já viu.
Com um alto investimento em arquitetura e, segundo João, trabalhando com o que há de melhor no mercado com relação a insumos, o Malum Restaurante, que é um dos restaurantes de maior movimento na região dos Jardins-SP, tem percebido a retomada do setor, gradualmente, ainda com muitas ressalvas e com seu público bastante preocupado em seguir todas as recomendações de distanciamento, uso de máscaras e higienização constante das mãos e dos equipamentos dos estabelecimentos. Segundo ele, as pessoas estão em busca de um pouco de entretenimento, de uma maneira de poder se divertir fora de casa, mas o cuidado com a saúde própria e dos demais está cada vez mais evidenciada.
Ainda sem expectativa de um fim definitivo, a OMS (Organização Mundial da Saúde) continua recomendando que todos os protocolos de segurança continuem a ser seguidos, dentro e fora de casa.
Observação: todas as fotos apresentadas nesta matéria foram tiradas antes da pandemia.