25/03/2020 às 14h33min - Atualizada em 25/03/2020 às 15h33min

INSANIDADE: EM PRONUNCIAMENTO DESCONECTADO DA REALIDADE DO CORONAVÍRUS, BOLSONARO SUGERE O FIM DO ISOLAMENTO SOCIAL

Numa prova cabal de irresponsabilidade, o presidente comparou a pandemia a uma "gripezinha" ou "resfriadinho" e pediu para prefeitos e governadores “abandonarem o conceito de terra arrasada", além de atacar a imprensa e seus inimigos imaginários

- Da redação
G1, O Cafezinho e O Antagonista
Congresso em Foco
O discurso do presidente Jair Bolsonaro na noite de terça-feira (27) foi absurdamente insano e vai na contramão dos anúncios vindos dos próprios órgãos de governo, como Anvisa e Ministério da Saúde, além do protocolo mundial adotado de combate ao coronavírus.
 
O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento contrariando técnicos e especialistas ao pedir a "volta à normalidade" e o fim do "confinamento em massa". E claro, para não perder o hábito,  também atacou a imprensa, dizendo que os meios de comunicação espalharam "pavor".
 
Numa prova cabal de irresponsabilidade, o presidente comparou a pandemia a uma "gripezinha" ou "resfriadinho" e pediu para prefeitos e governadores “abandonarem o conceito de terra arrasada". "O grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos", disse Bolsonaro.
 
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) emitiu uma nota sobre as declarações do presidente. “[...] Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país. Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos. Todo o apoio à atuação do Ministério da Saúde e sua equipe, que tem trabalhado técnica e cientificamente em todos os momentos. Com saúde não se pode brincar e nem fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de Emergência em Saúde Pública [...]”
 
De acordo com o site O Antagonista, até mesmo os militares que fazem parte do governo foram surpreendidos pelo discurso do presidente. Havia a expectativa de que ele comentaria sobre os R$ 88 bilhões anunciado para auxiliar estados e municípios e que pregaria a pacificação e a união do país neste momento conturbado.
 
O texto lido pelo presidente teria sido produzido por seu filho, Carlos Bolsonaro, e integrantes do “gabinete do ódio”, que gerenciam as redes sociais do presidente, além de disseminarem centenas de fake news. A estratégia demonstra ser um ato desesperado para que o eleitorado volte a defender o governo.
 
Veja a manifestação de algumas autoridades sobre o deprimente episódio:
 
“Pronunciamento do Pres.Jair Bolsonaro foi desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do Ministério da saúde. Confunde a sociedade, atrapalha o trabalho nos Estados e Municípios, menospreza os efeitos da Pandemia. Mostra que estamos sem direção.” (Renato Casagrande, governador do Espírito Santo).
 
“O momento exige que o governo federal reconheça o esforço de todos – governadores, prefeitos e profissionais de saúde – e adote medidas objetivas de apoio emergencial para conter o vírus e [apoio] aos empresários e empregados prejudicados pelo isolamento social.” (Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados).
 
“Neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise.” (Davi Alcolumbre, Presidente do Senado).
 
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