Depois de um tempo começamos a enxergar a vida de outro modo.
Por anos convivemos com a quase angustiante preocupação do "com o que os outros io pensar". Os próprios anos nos trazem algumas certezas.
Duas delas são libertadoras.
A primeira é a de que todos nós somos humanos, capazes de atitudes maravilhosas e outras nem tanto virtuosas assim.
Isto porque ser humano é também ser falho.
E nem neste caso, nem sempre o que pensamos sobre alguém, ou aquilo que uma pessoa pensa sobre nós pode conceituado como algo verdadeiro.
Cada um tem uma realidade dentro de si, e na maioria das vezes, dramas e conflitos indizíveis, mas profundamente dolorosos.
Esta conlcusão tem relação direta com uma profunda mudança pessoal interna, que é de se trocar a expectativa pela perspectiva.
A expectativa nos remete ao imediatismo esperançoso de algo pode ou não acontecer.
Já a perspectiva, por sua vez, nos permite ter mais amplitude e uma visão panorâmica da mesma situação.
Quando conseguimos nos resolver neste aspecto, a vida torna-se menos complicada.
Não é tarefa fácil.
Pessoas entrarão e sairão da nossa vida. Outras permanecerão.
E essas ficarão até o fim porque conhecem a nossa essência e quem somos, e não somente o que podemos oferecer pelo que, independentemente da circunstância, possuímos ou julgam possuirmos momentaneamente.
A segunda certeza é a de que jamais poderemos amar sem antes nos amarmos. Quando entendemos isto, nos libertamos.
Muitas pessoas dedicam-se integralmente a outras, e a outras causas. E são várias as razões para isto.
Desde a necessidade de um cuidado especial a uma determinada situação,e até uma atitude de autopunição por acharem-se responsáveis pelo problema da pessoa a quem o tal cuidado é dedicado. Sem esquecer que, em muitos casos, não passa de uma tentativa de controle, cujo pano de fundo são a fuga e o medo.
Depois de um tempo descobrimos que não controlamos coisa alguma.
E o tempo (ah, o tempo...) escancara que é preciso descontrolar-se de tudo para começar a viver.
Porque o amor merece verdade e intensidade ser vivido.
Esse "tempo" de maturação leva um bom tempo.
Quando conseguimos compreender essas duas certezas, já não nos preocupamos com no que pensam e falam de nós.
Os conflitos são inevitáveis e ocorrem por inúmeras razões.
Muitas vezes somos responsáveis por eles. Outras, não.
As pessoas desconhecem o que encontramos pelo caminho e os motivos pelos quais não correspondemos às suas expectativas.
E quase sempre nos julgam de acordo com a sua própria conveniência.
Algumas desejam o que temos porque jamais poderão tornar-se o que somos.
Além disso tudo, não devemos carregar sozinhos as bagagens que pertencem a outros.
Porque depois de um tempo, não queremos ter razão.
Queremos apenas sentir a paz.
É um longo caminho a ser percorrido.
E o tempo é o melhor companheiro neste trem doido que chamamos de vida.
Ele não pára*
E a vida?
A vida é tão rara!*
(*) Em homenagem aos atemporais Gil e Lenine.